13.2.12

Levi

Ouvi ontem à noite um sermão sobre a vocação de Mateus, ex-publicano autor de um dos quatro evangelhos. Pelo desserviço ao povo do qual fazia parte e pela prática habitual de enriquecimento ilícito, a classe que compunha equivaleria, atualmente, à dos políticos chinfrins. Era como se Cristo fosse à Câmara Municipal e convidasse à pobreza um antigo morto de fome oportunista cuja influência, apesar de nula, fora suficiente para torná-lo bem de vida. O que me trouxe à mente a postura de Zaqueu e, em contraste, a facilidade com que tudo se dá hoje em dia. Jesus chama a Levi, que deixa tudo e o segue. Chama, depois, a Zaqueu, que, se desfazendo dos lucros fraudulentos, restitui aos que havia roubado. Portanto, não é que não haja salvação possível a nossos piores. É que nunca abrir mão foi tão pouco exigido.