Releiam lá o Sermão do Monte, seus beatos. Cristianismo não é não praticar o mal, mas não ter ganas de fazê-lo. Não é não externar uma má intenção, reprimindo-a. É, antes, não nutri-la. Diferença da mais alta importância, já que não era outro o problema de Cristo com os de seu tempo. A ele já não bastava a conformidade exterior pela conformidade exterior. Estava demonstrado: a prática da justiça por parte de corações ímpios não produzira senão orgulho. Que houvesse dos homens maus ao menos o reconhecimento de que o fossem: de onde a preferência por publicanos e pecadores, sem a blindagem das boas ações. A preferência pelos doentes, em detrimento dos sãos, deixados à própria sorte. Meus amigos, uma vez surgido o mau desejo, e já não há diferença fundamental entre quem o consuma e quem o constrange, podendo o primeiro ser tão temente a Deus quanto o último um grande dum canalha.