Uma das coisas que mais lamento no meu protestantismo é a falta de aptidão para calendários litúrgicos. Falta que me faz sentir, nessa época do ano em especial, um peixe fora d’água. Um negligente. Um ímpio. É certo que também celebro a Páscoa, mas, infelizmente, não a vivo passo a passo, dia a dia: a mim só interessa, a bem dizer, a ressurreição e seus efeitos soteriológicos. Enquanto todos acompanham sentidos a entrada em Jerusalém, com suas folhas de palmeira, que faço eu? Nada, além de aguardar o próximo domingo. Mais alguns dias, enquanto um número enorme de pessoas recuará quase de modo físico até o Gólgota, eu decerto estarei, muito biblicamente, alheio a tudo. “Onde está escrito que não se pode comer carne na sexta?”
Em minha defesa, digo que nem sempre foi assim, e que já malhei Judas.
Em minha defesa, digo que nem sempre foi assim, e que já malhei Judas.