8.5.12

Ary


Reza a lenda que Ary Barroso deixou de torcer pelo Tricolor depois que, a seguir a uma derrota, não cancelaram um baile nas Laranjeiras. “Não posso torcer por um time que perde e faz festa, como se nada tivesse acontecido.” Abriram-se, assim, as portas para o Mais Querido. Já um fervoroso rubro-negro, acabou se tornando narrador esportivo. É famosa até hoje sua parcialidade, que chegou a lhe render a proibição de entrar em São Januário, tendo ele que transmitir os jogos sobre o telhado de casas vizinhas ao estádio cruz-maltino. Ary Barroso costumava descrever os ataques contra o Flamengo com um: “Lá vêm os inimigos outra vez. Não quero nem ver”, comunicando os gols adversários sem o mínimo entusiasmo. Isso, claro, quando os comunicava: diz-se que chegou a esconder da audiência algumas derrotas rubro-negras, omitindo gols sofridos. Conta-se ainda que chegava a desmaiar durante jogos decisivos, e que largava a cabine antes do fim do jogo, para comemorar, assim que garantiam a vitória. Num Fla-Flu, foi capaz de apostar o bigode, o qual, com um 3 x 0 contra, foi obrigado a tirar (na foto acima, a prova). Tempos depois, o Flamengo devolve a derrota, com arrasadores 6 x 1. Ary Barroso, então, em crônica no dia seguinte, pede ao ganhador da primeira aposta que raspe a cabeça: “3 x 0 valem um bigode. 6 x 1 valem um cabelo.” Esses exageros à parte, vem aí o maior deles. Convidado pessoalmente por Walt Disney para ser diretor musical dos famosos estúdios, mercê da trilha sonora para uma animação deles, Ary Barroso declina. A razão? A distância que, morando nos EUA, teria do Flamengo.