14.7.12

Os livros

A mania dos franceses é presumir de talentos, e a mania dos que presumem de talentos é escrever livros. Não há no entanto coisa mais mal imaginada: a natureza judiciosa havia disposto que fossem transitórias as loucuras dos homens, e os livros as imortalizam. Um néscio devera contentar-se com haver aborrecido a todos quantos viveram com ele, e ainda quer fazer penar as gerações futuras; quer que a sua necedade triunfe do esquecimento, de que teria podido gozar como do túmulo; quer, enfim, que a posteridade saiba que ele viveu, e que não ignore que foi um parvo.

MONTESQUIEU. Cartas persas. Tradução de Mário Barreto. São Paulo: Martin Claret, 2009. p. 101.