27.5.13

Peretz





















Logo num primeiro contato, é possível notar no precursor de Bashevis Singer uma relação mais ortodoxa com a religião. Comparado a ele, Singer acaba um supersticioso — com aquela espécie de temor do sobrenatural própria de quem o desconhece. Peretz, por sua vez, transuda a piedade de quem sabe a que (a quem) teme — o Deus dos pais. Consequência disso, talvez, é o didatismo, aqui não em sentido necessariamente pejorativo. Tiram-se lições dos contos de Peretz. Sai-se deles edificado. Coisa a que os de Singer nem sempre se propõem.

Mas ainda mais significativa é a distinção nós-eles. Em Peretz, o outro está sempre em vista: trata dos judeus (os justos), mas sempre em oposição aos gentios (cristãos cruéis e opressores). Quando em Singer, possivelmente por conta da vida na América, a preocupação é mais genericamente humana. Mesmo quando escreve sobre circunstâncias só possíveis a judeus, ou, ainda mais especificamente, a certo tipo de judeus, Singer não o faz como se tratasse de uma minoria. Não parece haver, para quem o lê, outro mundo senão o das aldeias. Ou que elas o resumem.