Os poetas de importância talvez se dividam entre aqueles cujos versos justificam a existência das palavras com que os compõem e aqueles outros, ainda maiores, que justificam a existência das próprias línguas como um todo. Um exemplo vernáculo. Era pois preciso que existissem no português as palavras sal, mar, salgado, lágrima, Portugal — e que tais significantes tivessem os significados que têm —, porque não poderia nos faltar a mais famosa pergunta retórica de Mensagem. Como era preciso que a língua portuguesa existisse exatamente como é, nem pior nem melhor, pra que fosse possível um Lusíadas.