19.7.13

Orgulho

Há no orgulho corporativista, pelo menos, um limite. Andam frequentemente armados contra os de fora, é verdade, mas sempre na defensiva. Acham-se os guardiães dos sagrados princípios de determinada ciência, mas só ostentam o fato se desafiados. Do contrário, vivem lá suas vidinhas, encastelados, limitadíssimos em alcance direto. Para todos os efeitos, alguém é bom não porque seja um deus caminhando sobre a terra, mas porque afinal foi aceito como membro. Porque afinal foi reconhecido como par. Porque, na sua insignificância, o tomaram por igual. E se não acreditam que ele tenha de fato algum valor, lá está sua titulação como prova. E isso é tudo. Enquanto no orgulho do isolamento, por sua vez, impera a desmedida. Ao solitário, nada há que o garanta, nem quem, motivo pelo qual não vive sem afirmar-se. Sem o parâmetro apaziguador da aceitação institucional, ao solitário não resta senão o ataque desmoralizante. Nessa condição, alguém é bom não porque tenha sido aceito num clubinho de medíocres. Alguém é bom não porque tenha se conchavado, elogiando para ser mais adiante elogiado. Ou porque se familiarizou com uma bibliografiazinha estreita e defasada. Ele é bom porque sabe mais, e leu mais, e produziu mais do que todos os acadêmicos juntos jamais produzirão, lerão e saberão em toda a vida.