A família sai de casa para uma festa. Passa alegre por vários bairros enfeitados como em época junina: bandeirolas cruzam as vias de um lado a outro, todas cheias de pinturas espalhadas pelos muros e no asfalto. Chegados ao destino, todo o tempo me divido entre comer e correr com os de minha idade, enquanto os adultos bebem ruidosos em volta da TV. De repente, quando dou por mim, tudo acaba. Silêncio. Na despedida, o clima é fúnebre. Os abraços dão-se entre os familiares de um morto. As ruas, cheias na ida, vão agora desertas. Algo de muito grave aconteceu, e não só com os nossos. Também eu me consterno, embora sem nem desconfiar do motivo.
Até que — ao fim de duas décadas na mais completa ignorância do que teria sucedido aquele fim de tarde — ligo as pontas e descubro não ter visto senão a eliminação do Brasil para a Argentina, pelas oitavas de final da Copa de 90, tendo eu na época míseros 5 anos.