Um poema de António Botto (uma pequena poética, aliás) que reforça a queixa de Gide, segundo a qual não se faz literatura com bons sentimentos:
Busco a beleza na forma;E jamais
Na beleza da intenção
A beleza que perdura.
Só porque o bronze é de boa qualidade
Não se deve
Consagrar uma escultura.
A par disso, as três repetições de “beleza” ainda na primeira estrofe (a beleza que o poeta busca) revelando sozinhas todo seu projeto estetizante, em que a obra vale ou deixa de valer por si mesma, isto é, por sua forma, indiferentemente à matéria de que é feita (o bronze: os valores morais, as ideias) e a qualquer outro propósito que não o de perduração.