O lirismo é uma tentativa de fazer face a essa situação: o homem expulso da redoma protetora da infância deseja entrar no mundo, mas ao mesmo tempo, porque tem medo deste mundo, modela a partir de seus próprios versos um mundo artificial e de substituição. Faz girar ao seu redor os seus poemas como planetas ao redor do sol; torna-se o centro de um pequeno universo onde nada é estranho, onde sente-se em casa como a criança dentro da mãe, porque aqui tudo é moldado pela única substância de sua alma. Aqui ele pode depois terminar tudo o que é tão difícil fora; aqui ele pode, como o estudante Wolker, marchar com a multidão de proletários para fazer a revolução e, como o rapazola Rimbaud, remexer as suas pequenas apaixonadas, porque essa multidão e essas apaixonadas não são moldadas pela substância hostil de um mundo estranho, mas pela substância de seus próprios sonhos, são portanto ele mesmo e só rompem a unidade do universo que ele construiu para si mesmo.