27.7.14

E agora mais outra

Com a contribuição das redes sociais, as incoerências se tornaram para nós, de uma hora para outra, o que são os peixes naqueles trechos de rio em que, de tão numerosos, podem ser apanhados com a mão, quase às cegas; aqueles peixes que, durante a época de reprodução, pulam eles mesmos nos colos dos pescadores, que só precisam ficar ali, parados, com uma rede estendida. De repente vimos que todo mundo diz uma coisa e faz outra; todo mundo é incondicionalmente brando com as causas com que simpatiza e incondicionalmente severo com as de que não gosta; todo mundo busca justificar os erros a favor, enquanto condena sem negociação os equívocos contrários; todo mundo abomina a violência contra os seus, mas acha compreensível a própria violência contra os outros; todo mundo só enxerga o seu lado, enquanto acusa os outros de só enxergarem o deles... Numa tal proporção que, atônitos, sem saber o que fazer, ainda só conseguimos apontá-las: — Mais uma incoerência aqui! E agora mais outra!