19.11.14

Ben Sirac

Do livro Sabedoria de Ben Sirac, do séc. II, em trad. de Benjamin Carreira de Oliveira:
Enorme dificuldade foi criada para todos os homens,
pesado jugo para os filhos de Adão,
desde o dia em que saíram do ventre materno,
até o dia em que voltarem para a mãe comum.
O objeto de seus pensamentos, o temor de seu coração,
é a espera angustiosa do dia da morte.
Desde o que está sentado no trono, na glória,
até o miserável sentado na terra e na cinza,
desdo o que traz a púrpura e a coroa,
até o que se veste com linho cru,
não é senão furor, inveja, perturbação, agitação,
medo da morte, ressentimento, lutas.
E na hora do repouso, no leito,
o sono da noite apenas muda as preocupações:
apenas iniciado o repouso,
imediatamente, ao dormir, como em pleno dia,
ele é agitado por pesadelos,
como quem fugiu da linha de batalha.
No momento de salvar-se acorda,
admira-se de que nada havia para temer.
Assim sucede com toda criatura, do homem ao animal:
a morte, o sangue, a luta e a espada,
a miséria, a fome, a tribulação, a calamidade.
E ainda:
Como as roupas, toda carne vai envelhecendo,
porque a morte é lei eterna.
Como folhagem verdejante em árvore frondosa
tanto cai como brota,
assim a geração de carne e sangue:
esta morre, aquela nasce.
Toda obra corruptível perece
e aquele que a fez irá com ela.