O mesmo Padre Antonio Vieira que tanto se bateu contra a escravidão indígena foi o que não apenas defendeu a escravidão africana como chegou ainda a alegar que os negros deveriam ser gratos a Deus por terem vindo cativos para os engenhos da Bahia, onde então puderam ser alcançados pela maravilhosa graça de Cristo por intermédio da Igreja. E se pôde lhes recomendar gratidão a Deus por terem sido arrancados das trevas em que viviam nas brenhas da África, não foi porque desconhecesse ou não admitisse a condição degradante em que se viam metidos desde que eram jogados nos porões dos negreiros, e sim porque considerava que rezar à Virgem fosse remédio suficiente para transformar todo aquele inferno — palavras suas — em paraíso.