Maradona ficou famoso pelo hábito de driblar meio time adversário. Mas vocês reparem na quantidade de vezes em que o argentino precisou driblar cinco ou seis marcadores pelo único motivo de ser absolutamente incapaz de utilizar a perna direita para qualquer outra função que não fosse a de mísero apoio. E se todo o virtuosismo de Maradona nos dribles não foi senão uma compensação a uma grave limitação técnica?... Tal suspeita quase nos obriga a especular que, se essa limitação não existisse — isto é, se Maradona fosse minimamente capaz de tocar, lançar e chutar com a perna direita, como tantos e tantos jogadores —, ele muito possivelmente não teria feito cerca de dois terços daquelas jogadas improváveis que tanto o celebrizaram. Se há sentido nesse raciocínio, então Maradona é um exemplo de pessoa que teria sido pior se fosse melhor — exemplo de pessoa que não teria chegado a gênio se tivesse ao menos consigo ser medíocre.