Enquanto se queixa, na velhice, do ostracismo ao qual havia sido lançado pelos adversários, Rousseau pensa em formas de ocupar os dias, agora vazios de vida social. Prontamente descarta a investigação dos astros, uma vez que estão distantes e a ele só pode interessar aquilo a seu alcance. Descarta, logo em seguida, a pesquisa dos reinos mineral e animal, ambos pelo mesmo repugnante motivo: a necessidade de se aprofundar e remexer nas entranhas ora da terra, ora dos bichos, uma violência da qual não era capaz. Por exclusão, vê-se diante das plantas, que, se aos demais interessam apenas à medida de suas propriedades médicas, a ele agradam apenas pelo que são, em seus aspectos e conformações. E, assim, como quem não quer nada, o velho Rousseau acaba por se apresentar aos leitores como um novo Adão, cujo fim de vida igualmente se resume a caminhar por entre jardins, solitário, desconhecedor da violência do trabalho, enquanto apenas obversa e dá o devido nome às coisas.