Os grandes ricos da Antiguidade guardavam suas riquezas em amplas salas do tesouro, por entre as quais gostavam de guiar convidados ilustres. Esses tesouros eram feitos de objetos preciosos, obras de arte muitas vezes dedicadas a templos e seus deuses. Uma riqueza trabalhada, que além do mais exigia espaço físico. Com o tempo a materialidade da riqueza (e me refiro aqui à riqueza que compra as coisas, não como coisa comprada) foi reduzida às moedas, que ainda assim podiam ser acumuladas e ostentadas, uma vez que eram de várias formas, tamanhos e ligas, além de permitirem ainda efígies e inscrições pessoais. É possível imaginar todo rico antigo mergulhando em seu imenso cofre de moedas como um Tio Patinhas. Mais recentemente vieram as cédulas, junto aos talões de cheque, e com eles uma riqueza perecível de papel, à mercê do fogo e da água. Já agora, que até mesmo os cartões beiram à obsolescência, a riqueza é cada vez mais apenas uma sequência menor ou maior de dígitos numa tela. E é a essa quantidade virtual de números que devemos toda a nossa condição na vida.
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