Um dos argumentos de Jorge Luis Borges contra a “cor local” em literatura, a já famosa alegação de inexistência de camelos no Alcorão: — uma prova de que o Alcorão, livro árabe por excelência, foi realmente escrito por árabes: a completa ausência de camelos, os quais, se nele existissem, constituiriam indício de que o livro fora escrito antes por turistas querendo se passar por locais, ou falsários, ou nacionalistas. Uma observação que Borges afirma ter encontrado em Declínio e Queda do Império Romano, de Edward Gibbon, — muito embora eu duvide que este a tenha feito, uma vez que não apenas não falta camelo no Alcorão, como pode-se dizer que, em se tratando de um livro sobre o Dia do Juízo, até sobra.