Quando chegaram ao mesmo sítio para se enfrentarem uns aos outros,
brandiram todos juntos os escudos, as lanças e a fúria de homens
de brônzeas couraças; e os escudos cravados de adornos
embateram uns contra os outros e surgiu um estrépido tremendo.
Então se ouviu o gemido e o grito triunfal dos homens
que matavam e eram mortos. A terra ficou alagada de sangue.
Tal como os rios invernosos se precipitam das montanhas,
atirando juntos o enorme caudal para a embocadura de dois vales,
e das poderosas nascentes vêm lançar as águas num oco desfiladeiro,
e lá longe nas montanhas o pastor chega a ouvir-lhes o estrondo —
assim era o eco e o terror dos que embatiam uns contra os outros.
22.10.14
O eco e o terror
Homero, Ilíada, IV, 446-455, trad. Frederido Lourenço: