Sobre o “Canto de Débora” — poema do capítulo 5 de Juízes, em celebração a uma vitória dos invasores hebreus contra os habitantes locais —, oferece o assiriólogo francês Jean Bottéro, em Nascimento de Deus: a Bíblia e o historiador, uma grande refutação da ideia segundo a qual a poesia é inútil:
Tratava-se apenas de um punhado de homens, microscópicos, perdidos num momento qualquer da história, que lutavam sob a chuva por um lote de terra, sem que a ridícula agitação que faziam tivesse, na verdade, contribuição alguma para o homem e seu progresso, e que permaneceriam, eles e sua agitação, escondidos e esquecidos, como infinitos outros, sob a poeira do tempo, se esse canto imortal não os alçasse a um plano cósmico, universal e eterno, e os transformasse, aos olhos dos leitores, num momento crucial da história do mundo.