20.12.15

Cassirer

Encontro em Ernst Cassirer algo que até então nunca tinha visto: um filósofo, mas um filósofo etnograficamente muito bem informado. Não sem frequência o lemos afirmar que, segundo Kant, ou Bergson, ou Hegel, ou qualquer outro filósofo ainda menos acessível, a arte, ou a música, ou a religião, ou o mito, é isso ou aquilo, para logo em seguida concluir: contudo, entre as tribos de não sei que lugar verifica-se que a arte, ou a música, ou a religião, ou o mito, nunca foi nada parecido com isso. E, sinceramente, não consigo pensar em contribuição mais valiosa do que essa: a correção de generalizações universalizantes a respeito das coisas humanas, feitas a partir do gabinete, pelo contraste com a experiência concreta de homens espalhados pelas partes mais distantes do globo. Cassirer definitivamente conhecia tudo o que os europeus haviam suposto sobre o homem. Mas também tinha notícia dos homens como de fato eram.