Entre as coisas mais inesperadas na compreensão taoísta do sexo (e são muitas), aquela que sem dúvida mais sobressai é seu caráter medicinal. Tudo que diz respeito a esse campo de atividade humana deve estar subordinado à manutenção ou à restauração da saúde, à cura das “cem doenças” — ou, em último grau, à imortalidade, mas no caso uma imortalidade física mesmo. Até por esse motivo, ficamos sabendo, todos os textos que compõem o Fang-chung-shu - A Arte Chinesa do Amor chegaram até nós por fazerem parte de compilações médicas. Nem é preciso dizer que se trata, nesses textos, de uma medicina que nós já não reconhecemos exatamente como tal, tamanha a vinculação com a magia. De qualquer forma, assim como o céu e a terra, unidos harmoniosamente um ao outro, permanecem para sempre enquanto tudo o mais desaparece, assim o homem e a mulher perecem apenas por não se unirem da maneira adequada. E porque não seguem o caminho da união, gastam-se, ao invés de se energizarem; definham, ao invés de se revigorarem. E é essa maneira de se encher perpetuamente de vida por meio da relação sexual — ou melhor, essa maneira de não se esvaziar pouco a pouco da vida durante o sexo — que os textos tratam de expor.
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