Gnoscere, um dos verbos latinos para conhecer. Acrescente-se-lhe o prefixo de negação, e eis o verbo desconhecer, ignorar? Curiosamente, não. Ignosco, eu perdôo, eu desculpo. Em latim, a idéia de perdoar viria, pois, da de não tomar conhecimento da ofensa, ou já não lembrar-se dela. Fácil conclusão imediata, daquelas que dariam um best-seller nas mãos de um Augusto Cury.
Mas, logo abaixo, continuando o verbete, aventa o autor do dicionário — Francisco Torrinha — outra possibilidade, que exigiria processo psicológico exatamente inverso. Diz ele que ao verbo gnoscere pode ter sido acrescentado, em vez do prefixo de negação in, suposição a meu pobre ver mais óbvia, o de movimento — também in, como em invidere, olhar obcecadamente para algo, isto é, invejá-lo —, que daria à palavra, intensificando-a, o sentido de conhecer mais a fundo, de buscar compreender a razão por trás dos atos ofensivos. Compreensão essa que implicaria a justificação deles. “Tudo compreender é tudo perdoar”, como se diz.
Não saber ou esgotar.
Mas, logo abaixo, continuando o verbete, aventa o autor do dicionário — Francisco Torrinha — outra possibilidade, que exigiria processo psicológico exatamente inverso. Diz ele que ao verbo gnoscere pode ter sido acrescentado, em vez do prefixo de negação in, suposição a meu pobre ver mais óbvia, o de movimento — também in, como em invidere, olhar obcecadamente para algo, isto é, invejá-lo —, que daria à palavra, intensificando-a, o sentido de conhecer mais a fundo, de buscar compreender a razão por trás dos atos ofensivos. Compreensão essa que implicaria a justificação deles. “Tudo compreender é tudo perdoar”, como se diz.
Não saber ou esgotar.