17.4.12

Confusão

Sonhei que estava num sebo, e que o sebo era minha casa, uma vez que o funcionário que fazia a manutenção da porta de entrada ia deixando meus gatos, que nunca saem, fora dela. Corri a tempo de pô-los para dentro e o adverti. Passado o susto, logo voltei às estantes, que ficavam no que é o quarto, onde não guardo livros. Uma prateleira em particular me consumia a atenção, e era a de poesia. Dessa prateleira, que me dava a sensação de ter tudo quanto sempre quis comprar, com os melhores preços, um livro se destacou, permanecendo até agora na memória. Era um híbrido esquisito de três autores sem qualquer ligação aparente. Tinha o formato que tem meu volume único com os Ensaios de Montaigne, da Pensadores; intitulava-se Seppia, que para mim é parte do nome de um dos livros de Eugênio Montale — Ossi di seppia: sendo sépia, ou siba, conforme descobri ao acordar, um molusco —; e vinha como escrito — o mais estranho — por Keats, que nunca li. De mais não lembro.