13.6.12

Os dias, ontem e hoje

Vejo por toda parte gente alarmada com os restos de influência da religião na sociedade. Para onde olho há gente empenhada na extinção dos preconceitos remanescentes dessa antiga influência. Dizem eles que não são piores que ninguém por descrerem de Deus. Muito pelo contrário, são até melhores, mais racionais, só dando crédito àquilo que palpam e vêem; ou àquilo que alguém viu e palpou, desde que num laboratório. E depois lembram Chaplin. Logo a seguir, lembram Hitler...

O que não vejo combaterem é o estigma sofrido pelos que se abstêm dos dias comemorativos. O sujeito que, no Dia das Mães, não dá à sua um presente, ou com ela não almoça fora; aquele outro que, na Páscoa, não dá um maldito ovo de chocolate para os de seu conhecimento; ou ainda o que não enche o peito de sublime fraternidade por volta do 25 de dezembro, enquanto esvazia o bolso... São esses nossas maiores vítimas. Quem pode ainda sonhar com a manutenção de um namoro se, no dia 12 de junho, não dá flores ou bombons à respectiva, ou não a leva para jantar mal num restaurante lotado?...

A verdade é que estamos obrigados hoje à participação na papagaiada social como estiveram nossos avós obrigados a participar, ontem, da religiosa. Já podemos desprezar com alguma tranqüilidade o calendário da Igreja, coisa que eles não puderam, contanto que cumpramos sem muito caso com o do Comércio.