27.1.13

“Silêncio que o poeta exuma do pó”

[...]

A poesia é, na verdade, uma
fala ao revés da fala,
como um silêncio que o poeta exuma
do pó, a voz que jaz embaixo
do falar e no falar se cala.
Por isso o poeta tem que falar baixo
baixo quase sem fala em suma
mesmo que não ouça coisa alguma.

— Ferreira Gullar, em “Falar”, de Em alguma parte alguma, 2010.