18.12.13

Musil

Milan Kundera está todo em Robert Musil, o que ele não só não elude como sugere. Em entrevista a Paris Review, por exemplo, aponta como único equívoco do austríaco o ter feito de Um homem sem qualidades uma obra inabarcável, — erro que ele presumivelmente busca corrigir escrevendo inúmeros romances de tamanho razoável embora de fundo praticamente indistinguível — romances os quais, ao fim e ao cabo, redundam no mesmo e interminável livro de Musil, agora fasciculado. Outro indício é ele dizer, na sequência da mesma entrevista, que seus livros todos poderiam muito bem intitular-se, indiferentemente, ou A insustentável leveza do ser, ou Risíveis amores, ou A brincadeira, desde que giram sempre sobre as mesmas questões, variam sobre os mesmos temas e — acrescento eu — são um só.