3.5.20

Romance e paródia

A relação do romance com a paródia é tão estreita, que talvez seja possível até assinalar em cada época o tipo de texto, então mais prestigioso ou em voga, que os romancistas parodiavam. No XVII, Cervantes parodia as novelas de cavalaria; na virada do XVII para o XVIII, Defoe e Swift parodiam os relatos de de viagem marítima e naufrágios, e também já os panfletos e as reportagens; no século XVIII francês os textos parodiados são os contos orientais recém-traduzidos; o XIX começa parodiando a troca de cartas e termina com a paródia das monografias médicas sobre a psicologia e o comportamento humanos. A grande paródia do século XX foi a da própria literatura, ou de repente do ensaio. Muito embora Sterne parodie o próprio romance já no século XVIII e Carlyle parodie o ensaio já no início do XIX.