23.2.12

Deivid

Nunca nenhum jogador me havia dado ganas humanicidas. Durante década, assisti a Negreiros, Ramirez, Dimba, Souza e Josiel — os piores possíveis —, e nenhum deles me havia feito desesperar de tal modo da existência. Não exagero se digo que nada nesse mundo denigre tão cabalmente a natureza humana quanto a insistência do Deivid em continuar vivo. Se, após o jogo de ontem, durante toda uma noite em claro, o abominável chegasse a cogitar o suicídio (o que ele não apenas não fez como decerto dormiu profundamente, feito pedra), então poderíamos ter alguma esperança. Se, após aquilo, nosso camisa 9 deixasse de ver motivos para continuar a respirar (ele que, além de tudo, ainda exige pagamento), então é porque Deus talvez existisse e nem tudo fosse absurdo. Mas não.