9.5.20

A história da humanidade conforme contada pelos assassinos

Chesterton dizia que até mesmo os ladrões reforçam a ideia de propriedade, uma vez que não querem mais do que transformar a propriedade dos outros em própria. De modo parecido, nenhum assassino jamais ataca o direito dos inocentes à vida, mas até o fortalece na medida em que recoloca em discussão os critérios dessa inocência, para cada um deles algo sempre muito particular. Enquanto as pessoas celebram a morte de alguém que o Estado apresenta como merecedor de morrer, cada assassino executa ele mesmo a morte de qualquer um cujo merecimento ele assegura sem necessidade alguma de endosso do Estado. Desse ponto de vista, todo assassino é só alguém livre o suficiente para não se submeter a essa violência que é o monopólio do Estado na determinação de quem merece ou não merece morrer, alguém ainda humano o bastante para não se contentar com a transferência do derramamento de sangue para distantes e impessoais “agentes da justiça”. Na história da humanidade, conforme contada apenas por assassinos, nunca nenhum inocente jamais foi morto.